Surdocegueira
Segundo Telford & Sawrey
(1976), quando a visão e audição estão gravemente comprometidas, os problemas
relacionados à aprendizagem dos comportamentos socialmente aceitos e a
adaptação ao meio se multiplicam. A falta dessas percepções limita a criança
com surdocegueira na antecipação do que vai ocorrer a sua volta. Elas precisam
ser encorajadas a desenvolver um estilo de aprendizagem para compensar suas
dificuldades visuais e auditivas e para estabelecer e manter relações
interpessoais. Portanto, as trocas interativas precisam estar orientadas para o
desenvolvimento dos sentidos remanescentes, entre eles, cutâneo, sinestésico
(corporal - articulações e músculos; e, sensorial - visceral), gustativo e olfativo,
como forma de acesso à informação na ausência dos sentidos da visão e audição.
Deficiência
Múltipla
“O termo
deficiência múltipla tem sido utilizado, com freqüência, para caracterizar o
conjunto de duas ou mais deficiências associadas, de ordem física, sensorial,
mental, emocional ou de comportamento social. No entanto, não é o somatório
dessas alterações que caracterizam a múltipla deficiência, mas sim o nível de
desenvolvimento, as possibilidades funcionais, de comunicação, interação social
e de aprendizagem que determinam as necessidades educacionais dessas pessoas.”
(MEC – 2006)
Temos também
pessoas com “Deficiência Múltipla Sensorial”, que devem ser citadas, pois
apresentam peculiaridades próprias. “Considera-se uma criança com deficiência
múltipla sensorial aquela que apresenta deficiência visual ou auditiva,
associada a outras condições de comportamento e comprometimentos, sejam elas na
área física, intelectual ou emocional, e dificuldades de aprendizagem.”
(MEC/SEESP/2006).
As pessoas com surdocegueira não
são classificadas como múltiplas, pois quando elas têm oportunidades interagem
com o meio e com as pessoas adequadamente. Nesse sentido faz-se
necessário incentivar e ensinar a usar sua visão e audição residuais, assim
como outros sentidos remanescentes.
Necessidades básicas das pessoas
com surdocegueira e deficiência múltipla:
- Favorecer o desenvolvimento do esquema
corporal;
- Para que a pessoa perceba-se e perceba o
mundo exterior, deve buscar a verticalidade, o equilíbrio, a articulação e
a harmonia de seus movimentos;
- Autonomia em deslocamentos e
movimentos;
- Aperfeiçoamento das coordenações
visomotora, motora global e fina;
- Desenvolvimento da força
muscular.
Estratégias de comunicação para a surdocegueira e
deficiência múltipla
As pessoas com as deficiências
acima citada, precisam desenvolver formas de comunicação inteligíveis com os
seus interlocutores, buscando resultado de suas ações. Além dessas questões, é importante
que esteja motivada a participar de experiências externas básicas, como
alimentação, higiene, lazer e jogos. O processo de aprendizagem ocorre por
repetição e estimulação orientada em contextos naturais, dado que interfere na capacidade
de aprendizagem espontânea e na capacidade de imitação.
O processo de aprendizagem da comunicação
exige atendimento especializado, com estimulação específica e individualizada.
Quando é estimulada precocemente, adquire comportamentos sociais mais adequados
e, também, poderá desenvolver e aprender a usar seus sentidos remanescentes
melhor do que aquela que não recebeu atendimento.
A comunicação pode ser receptiva e
expressiva. Muitas das pessoas com estas deficiências não desenvolvem a fala,
no entanto podem expressar-se. Podem também receber as mensagens que lhes são
transmitidas por outras vias sensoriais.
Comunicação receptiva é um
processo de recepção e compreensão de mensagens e
Os recursos de comunicação usados
pelas crianças surdocegas são Sistemas
Alfabéticos: datilológico, escrita manual, placas,
meios técnicos com saídas em Braille. Sistemas não alfabéticos: LIBRAS e Tadoma.
A
escola deve propor estratégias bem estruturadas, disponibilizar recursos para favorecer
a aquisição de uma boa linguagem, os espaços com acessibilidade e adotarem
posturas pedagógicas que favoreça uma aprendizagem significativa nos aspectos
físico, intelectual e social.
Referências:
Bosco, Ismênia C.M.G;
MESQUITA, Sandra R.S.H; MAIA. Shirley R.
Coletânea UFC-MEC/2010;
A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar
Fascículo 05: Surdocegueira e
Deficiência Múltipla.
Fátima Ali Abdalah Abdel Cader Nascimento - Universidade Federal de São Carlos –
Fátima Ali Abdalah Abdel Cader Nascimento - Universidade Federal de São Carlos –
UFSC/SP, prof. Shirley Rodrigues
Maia – Associação Educacional para a Múltipla
Deficiência - AHIMSA. – Brasília:
MEC, Secretaria de Educação Especial, 2006. 79 p.: il